sábado, abril 30, 2011

confissão




pai,
ajoelho-me eu ante ti
sobre estes milhos cozidos
pois se crus fossem doíam
e confesso a ti meu pecado:
eu amo! me perdi!

mãe,
volto-me ao ventre que é teu
pra confessar que, sim, eu
(senta-te e escuta):
logo este filho da puta
ama outro alguém que não tu

deus,
vós que aí estais nesse céu
com anjos e serafins
ouvi tal vil confissão:
gozo de tanta paixão
quereis o senhor ou que não

amor,
vês que confesso meu mal?
vês que nem peço perdão?
se o pai, minha mãe e até deus
dão-me a benção forçada
tu, que eu mais amo, dás nada?

amor,
se ainda insistes na culpa
por minha fingida dor
confesso ao pai, mãe e adeus
que não mereço esse gozo
que só dez graças te deu

amor,
nenhum pecado é eterno
nem toda culpa é de alguém
cobre-me todo de beijos
quando eu te ver na floresta
que eu te prometo estar bem

amor,
confesso é céu cá na terra
não ter e ter-te outra vez
e a verdade mais fecunda:
não amasse eu tanto a tua alma
a maria a tua bunda

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