quinta-feira, abril 28, 2011

mar


és sou em um barquinho engolido pela grande onda de hokusai 
deslizando sobre, mergulhando sob, surfando sobre
a grande e molhada e salgada grande onda de hokusai
a forte e melada e doce devastadora onda, onda de hokusai

és sou amedrontados e firmes ante o poder, o mar e o controle
és sou impotentes ante a natural natureza da tempestade
és sou santa bárbara de caeiro, iansã de terreiro
fantoches e deuses do vento inflamos a grande onda de hokusai

a onda cai sobre o que és sou, a onda tapa os corpos nus
a onda bate e quebra em tu eu, a onda anda as pernas nós
a água entra e sai, vara o teu meu corpos e areia-nos praia
és sou turbilhados, encharcados nós de agás, dos dois e de ós

e o barquinho subimos no cume e o topo e a crista
da grande e majestosa energia em onda, onda, onda, onda, onda
onda.
toca a ponta da língua infinito sublime, a grande onda de hokusai

e em jato d’agua o barquinho parte-se em mil destroços
e a espuma branca cobre e recobre o que és sou
e espalha-se em tu eu em pasta a espuma branca
no teu meu coxas
no teu meu ventres
no teu meu peitos
no teu meu carne entorpecidos
no teu meu corpo desaparecidos

Nenhum comentário: