quinta-feira, maio 09, 2013

para que doa




entardecer é anoitecer
utentes poucos das casas de drogas são prantos
e os cantos do fado ou do rock
enlouquecer é adoecer
doentes loucos à base de choques são tantos
e santos de fato ou de porre
entristecer é enternecer
gentes tristes são trastes, farrapos,
de trapos rasgados de tapas nas faces
mas beleza não recompensa!
é um alimento que não sobrevive se a si
desmerece
mas certeza não é descrença!
é o entendimento que o tal que se vive é o que
se conhece
mas tristeza não é doença!
é um sentimento, que ou se bem convive ou mal
se enlouquece
quero um fim aos meus - ó meus! - desgraçados níveis
de embriaguez
para que eu morra de morte sucinta
quero assim que deus - ó deus - me faça doente,
insensível e burguês
para que doa, mas que eu não sinta
para que eu voe, para que eu minta
para que eu doe minha felicidade
para que eu coe essa minha vontade
num filtro de pano, e assim reciclável,
refaça meus troços
caídos solúveis
num mar enxaguados e os olhos molhados
renasçam das águas
em tons encarnados
só insanidade, nem dor, nem doçura,
morrendo comigo, nem eu meu amigo, 
nem eu só sobrando pra mim

.