terça-feira, maio 08, 2012

dizer, desbravar, dizer



a floresta mais densa não resume a frustração hirsuta
que é o se meter inútil a desbravar impune a poesia
tormentoso trabalho, esquivo produto de suor ou inspirada magia
inútil esperançar se se poeta esperando que a poesia diga
do amor e a alegria, da perda, do alento e a fadiga.
no fim dos cantos, poetar nenhum desse mundo diz
poetar nenhum desse mundo termina, afinal,
em final triste ou feliz:
o dito só entorna de volta.

tirar “tristes redes a tus ojos oceánicos – diz neruda
fatigar “sin rumbo los confines" – diz borges
“de esa alta y honda biblioteca ciega” – dicen los dos.

a poesia mais densa não resume a frustração hirsuta
que é o se meter inútil a desbravar impune a floresta
tormentosa aventura, esquiva clareira de um sol a escorrer na testa
inútil avançar se se adentra a floresta esperando vencer a fadiga
de amor e de dor, e de perda e de alento e de amiga.
lá pelas tantas, esperança nenhuma desse mundo quer
floresta nenhuma desse mundo se abre, afinal,
ensolarada clareira:
o denso só adentra de volta

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