sexta-feira, agosto 30, 2013

A pluma



por descuido,
deixei minha janela Aberta
ontem de noite.

de madrugada,
entrou por essa janela
uma pluma.

linda, suave.
penugem violeta no flanco.
duas gemas verdes no topo.
uma fruta vermelha no rosto.
dizeres negros tatuados no raque.
bárbulas loiras, cantantes:
- uma pintura!
(se visto eu tivesse A pluma)

cega, celíaca, miálgica. biplumar pluma.
(se visto eu tivesse A pluma)

eu dormia,
lera umas prosas noturnas de mistério policial,
talvez montalbano ou maigret, ou o poirot.
(ou um livro de contos de doyle 
sobre o Além e o horror)

e entorpecera, desnudo. na cama.

A pluma entra em meu quarto,
roça meu rosto,
revoa em meu peito.

e pousa em meu pinto triste, Amolecido. Adormecido.

pela manhã Acordo,
e não há pluma
nem nada.

só meu pinto riste, Amanhecido. e Aprumado. 
e melado me conta
As Aventuras dum Aplumando descuido.

.

segunda-feira, agosto 26, 2013

dor no coração






A dor do coração
é nada
no peito.

Pior é o peito
e os braços
e o tronco
e as pernas
e os olhos
e os lábios.

Que aninham no peito
e que abraçam
e entorcem
e andam
e olham
e beijam:

- A tal dor do coração.

.