quinta-feira, fevereiro 16, 2012

dê xô cê


dê xô cê que ocê vai tê
dê xeu sê o que eu quisé
se jô cê do meu ladinho
vô sozinho inté nocê

qué vim cá vô ti ês perá
qué ficá eu vô ti vê
se a saudade é conselhêra
é bestêra nós pená

dê xô cê
dê xeu sê
se ju amô
se jum só

o amoré uma flô de lis
tem treis peta lá de flô
todas treis é amar ela
e a mais bela é ocê filiz

o amoré igual que o sol
ele quêma de calô
vem a sombra e ali via
cobre o dia com o lençol

veim cá flô
me xerá
dê xu sol
vim quemá

dê xô cê
me isfri ah!
dê xu fô
go acamá


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segunda-feira, fevereiro 13, 2012

rê d’ação


o amor é substantivado:
quase que nele concorda
todo verbo conjugado.
e no entanto esse pronome
nós, assim, em nós tratados,
torna o sujeito em criança
e o objeto do desejo
rompe qualquer concordância.

o amar é verbalizado:
diz-se ao amor todo dia
se todo dia é contado.
se entretanto é dito o nome
que é o núcleo do predicado,
perde em força a oração
e desfaz-se em voz passiva
o agente do coração.

amados somos adjuntos:
no verbo ou por nossos nomes
ternos somos ajuntados.
e embora tão acessórios
a um ao outro nessa lida,
tanto aumenta o amor e agrava
o amar amados unidos,
que o amando vira palavra

gerando textos tecidos.

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