na cozinhassendemozo
fogo
calor da
panela
vapor dágua começassinsinuar
e chega até
nós no balcão
você olha
fundo no fundo dozolhos
seuzolhos me
pedem
me pedem, eu
vou
não nada dizemos
tocando nus com
as pontas dos dedos
guiamozum ao
outro pro lado dassala
janela táberta
deixando
correr o ventinho suave
quessopra de
fora de dentro dassala
as cortinazestão...
cerradas
fassol
a luzatravessas
cortinaze pintassala de verte
sentamonos, sentamos
nus.
as pontas
dos dedosse tocam
lambemuzos
próprios lábios
mirandozolhozum
do outro
sem desligarmozo
fio
que une as pontas
de nossos dedos
sua mão
avançassobre meu colo
entra por baixo
de minha camiseta
iacaricia, aminha
barriga
vocême
aperta, perto, perto
sempre
olhando em meuzolhos
sempressuspiro,
respiro fundo
soltum
gemido baixinho e pro fundo
sua mão
desce comumaaranha
lisa emacia,
quente efurtiva
sobe pela
barriga e ganha meu peito
e meu peito
se abre comum prado
comum campo de
fartas delícias
paros
passeios dassua mão
seus dedos, tuntum,
tamborilam
a pele do
meu peituarfante
um, dois, três,
doze, trêze
digitam seus
dedos miúdo desejo
palmada mão
pousana pele
cinco, quatro,
três, dois, dois
digitam seus
dedos miúdos deamor
braillenos, braille
nus.
suas pernassão
duasserpentes
minhas
pernassão duasserpentes
nozenroscamos,
nuzesfregamos
pele, pernas,
pés, tornozelos
joelhozi
coxazi pernazi pele unuoutro
olhandonozolhandonus
quaseluz, quasenus,
quasares tântricos
sentados de
frente um pruoutro
nossos torsozeretos,
rígidos, mágicos
dassintura
pra baixo somosserpentes
sentimonos
volteano, enroscanduapertano
jiboiando
constritores, apertando nus
torniquetezesguios,
macios
robustozielásticos
um só tempo,
dois tempos, três tempos
o tempo para
pras voltas que as pernas
nossas em
torno denosco nos dão.
.