domingo, maio 19, 2013

dente-de-leão




e quando da minha e da sua janela abertas
olhávamos
e quando do seu e do meu ouvido aber
tocamo-nos  
elas então flutuarão entre o seu pensamento e o meu
e engolimos as plumas dos dentes-de-leão
e elas fariam cócegas em nossas bocas
e cuspíamos rindo, de boca em boca
e engasgáramos
intoxicados
de bastas plumas
e onde aspirávamos odores de espaços que tão mais cheios
de cheiros são quanto mais ausentes de nós sentimo-nos
e despiremo-nos de choques
e contornávamos os toques
e atiráramos um olhar ao outro
e acertamos um tiro à roupa
e morreremos
como morreríamos
como morrêramos
como morríamos
como morrem todos aqueles
e só aqueles
que irão se encostar pela primeira vez
que irão se encontrar pela primeira vez
da minha e da sua janela abertas
.