sexta-feira, setembro 16, 2011

bom conselho



é preciso ser forte
pra não perder as estribeiras
quando o tempo que faz é tão suave
e o dia que passa é tão bom
que já não nos importamos mais
em perder as estribeiras

é imprescindível estar atento
para não cair do cavalo
no momento em que encanta o bailado
e o mirar a beleza é tão bom
que já pouco ou nada ligamos
em cair do cavalo

é crucial ter a cabeça no lugar
pra não machucar na queda
se a música que se ouve é mais bela
e o sabor da comida é tão bom
que alegremente descuidamos
em perder em tua a minha cabeça

se não se é forte, atento e cuidadoso
se se perde, se cai e se machuca
por fraqueza, descuido, desatenção
espreita um terrível perigo
e alegremente descuidamos
em perder em minha a tua cabeça

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domingo, setembro 11, 2011

Um e Um


é frio e quente
é claro que é escuro
é luz assombrada e é a noite espetada de estrelas luzentes
é forte e é fraco
é o cume e o buraco
é o lado de lá do de cá
é doce e azedo (e amargo ou picante o tempero é o melhor que houve e haverá)

dez em um, cem por um,
mil e uma desnoites e ainda quem manda no mundo é o amor: Um e Um

diferente e igual
ansiosa e vestal
ciumento e carnal
generosa e fatal
amoroso e animal
(toda calma é pontual, toda paz é urgente e o início, final)
temerosa e brutal

um e um é pra ser tudo isso e etcétera e tal

se o amor é barroco não é culpa da roxa e verde inconstante maré
(o amar é o que é)

um diz sim um diz não e o sempre dizer complementa um a um
um diz tudo outro nada e entre um e outro um
há o que nasce daí
há o que cresce daí
(e se não, e daí?)

se Um só fosse o deus esse encontro haveria de quê
demasiado agradecer
uma a uma minha torres de gêmeos
sucumbindo
e se desmanchando
e desemonstrando
desvirginando-se e
se manchando de graça e de amor e loucura
um dia madura, um dia pirraça
e eu acho graça (você acha graça)
e não resta senão
agradecer
o que um e um me coube - graças a todos os deuses - com você viver

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