quinta-feira, setembro 22, 2011

cata buraco



as forças faltam, e eu desmorono
tentando catar-me aos pedaços
no chão liso
e escorregadio
dos meus quartos

o que é feito de minhas mãos
que a mim mesmo catam
se não as vejo
se são tão pedaços
quanto o resto esgarçado de mim?

e então meus olhos
pedaços como outros dois quaisquer
rolados pra longe
do corpo esfacelado
miram a mim

e custo pra entender
(olhos distantes pouco me dão a saber)
e custo pra explicar
que por mais disjunto eu
eu me tenho tão junto a você

e peno pra aceitar
que a vida assim tombando
no ir abaixo de minhas próprias inclinações
se faz:
se prende em aprender

e a vida lá embaixo
destino de que se diz ladeira
não é pouca vida
não é só besteira
não é despresente se fiz com você

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