terça-feira, agosto 16, 2011

Não há pressa



Não há pressa.
uma noite são mil para a senhora
mil noites é uma para a senhora
mais que a luz de meus próprios olhos gosto eu da senhora,
a senhora bem sabe.
mas não se iluda
o gostar não impede, minha senhora
antes o gostar impele
que eu impetuoso invista
sobre suas fraquezas, minha senhora
e com brutalidade avance em si
ainda que lhe causa pasmo
asco, engulho ou frenesi

as vigas que sustentam
essa fortaleza que é a senhora
como que se afastam e
como que abrem campo
para meu equipamento mecânico de demolição
para meu uso controlado da explosão
para meus processos elétricos,
químicos ou de abrasão

as colunas tremem
as colunas dançam
as colunas encimadas de marca negra, minha senhora
rodopiam estrepitosas todo o edifício, como se houvesse
rechacoalham de cima abaixo toda a estrutura, como se ouvisse
música,
música,
música!
(o castelo se mostra e como o castelo que espanta o invasor)

os muros altos e espessos do seu castelo,
minha senhora,
os portões altos e espessos do seu castelo,
minha senhora
inda que malafrontados por caudaloso rio
castelo que mal rodeado em caudaloso rio
repleto de bestas répteis esfomeadas
reduplicadamente débeis em suas bocarras

não esperam que eu galgue a escada
e aéreo os trepasse
não se aguentam da espera ansiosa do meu trespasse
e caem já antes sobre mim seus altos muros
e abrem-se antes sobre mim os altos portões
tal qual bocarras
e prendem-me antes nos dentes os grandes bichos
tal qual amarras

e a mim me engolfam
e a mim me engolem
como se se adiantassem ao golpe final invasivo
e a si mesmo invadisse
e asi mismo entregasse
o sitiado castelo ameaçado por tal tremor
desintegrando,
e ao pó tornando, minha senhora,
um vencido conquistador.



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