segunda-feira, junho 20, 2011

Pequeno cordel da távola redonda


Retenho uma espada toledana
de altura aproximadamente a minha
dois gumes, folha reta, perfurante
cravada sobre a copa do meu crânio
trespassada a cabeça até o foramen
seguindo em diretiva norte sul
do seio interno e oco da traquéia
e o tronco até o chão vazando o cu.

Se dói-me um puto o cravo da espada
do sangue que ela verte abdiquei
recuso alçar as mãos à empunhadura
e extirpar de mim o amado gládio
meu centro empalo à giratória Terra
e enterro se preciso até mais fundo
me prendo pelo pontiagudo eixo
que esse eu quero, e nenhum outro mundo.

Concedo sem piscar o olho entretanto
que um outro alguém o encanto me desfaça
ou a flor dos meus desejos para sempre
ou um rei bretão das lendas cavaleiras
ou qualquer um que sinta que o amor
cravado só em mim e em mais nada
transfere por magia ou leis de einstein
a dor que eu sentiria para a espada.

Remove então ó merlin do inferno
a lâmina da dor e da loucura
de dentro do meu corpo ensanguentado
liberta-me da comunhão terrena
e prometo que de então até o futuro
até a última excreção de mim saída
atravessou-me a última espada
amei a última vez na minha vida.

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