quarta-feira, maio 25, 2011

que a distância não lance




entre nossa distância sequer passa
o papel da mais escassa gramatura
quase qualquer medida extravasa
o espesso da infinitesimal lonjura
o menor micrômetro mal e mal traça
o desvão que a clara vista em vão perscruta

a separação embora toque o insensível
despeja água em gretas nanométricas
e em fosso aberto um jorro desprezível
torna o suco enchendo suas arestas
o efeito acumulado beira o impossível:
proliferar canais fractais entre as florestas

do céu goteja o choro em bruta tempestade
o pesar de uma torrente forte em chão piano
estoura uma barragem toda de saudade
um lago inteiro esse pequeno duto alimentado
e sulca a saudade em muito pouco tempo
o leito nosso em catastrófico oceano.


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