é
noite. a boca seca bebe d’água louca. o gosto amargo cospe o trago curto. miradas
turvas trocam o entra e o sai. metade olham, o outro meio, não. é dia. a mão
resfria à garra do amor fogo. o toque em ouro faz-se tudo engano. miradas dúbias dizem que o sol sai. metade
cegas da terrível luz. é tarde. sorrir no escuro azulbrilhar da noite. chorar
no claro enrubescer da aurora. ajuntar bocas, afagar as mãos. é um antes de
ontem, é um era sem fim
.